A Ocupação Portuguesa é um período da História de Porto Claro que vai da invasão da Guiana Francesa pelos portugueses, em 1809, até a devolução e retirada das tropas do território, em 1817.
Invasão a Portugal e Fuga da Família Real
Quando eclode a Revolução Francesa, nada de extremamente importante muda em São Herculano do Porto Claro até a ascensão de Napoleão Bonaparte. Em 1802, ele transforma a Guiana Francesa em colônia penal, enviando para lá, especialmente para a famosa Ilha do Diabo, seus inimigos políticos. Seis anos depois, Napoleão invade Portugal para pressioná-lo a aderir ao bloqueio naval contra a Inglaterra. Procurando proteção, a Família Real Portuguesa decide se mudar para o Brasil.
Lá chegando, o rei português João VI, em represália, ordena a invasão da Guiana Francesa. É a vingança portuguesa pela ocupação de sua terra natal. Na verdade, a invasão pouco afetou Napoleão, que na época tinha outros problemas a tratar na Europa. O certo é que, em 1809, as tropas luso-brasileiras cruzam o Oiapoque e anexam a Guiana Francesa. Por sua proximidade com a fronteira, Porto Claro é a cidade que mais sofre, e onde os portugueses se fixam mais fortemente.
Miscigenação lingüística
Durante o período da ocupação portuguesa, as populações dos dois lados se mixam, estabelecendo uma comunidade bilíngüe, e com uma cultura bem miscigenada. Os portugueses trataram de iniciar um comércio, e os franceses, de manter a pequena agricultura cafeeira no norte de Cumarumã. O café, aliás, começou a se desenvolver naquela área, e de lá se espalhou para o centro-sul do Brasil, contrabandeado por Francisco Palheta.
No Congresso de Viena (1815), é decretada a saída dos portugueses da Guiana Francesa, e assim é feito, com exceção de quem criou raízes na terra. Dessa maneira, muitos portugueses e brasileiros continuam vivendo em Porto Claro. A influência lusófona na cidade cresceria tanto que até a independência, no fim do século, eles seriam maioria e predominantes sobre os francófonos. A invasão deixaria marcas eternas.